Artesãos mostram trabalhos na Feira de Economia Solidária no Rio
Artesãos de dez municípios do estado do Rio de Janeiro estão entre os expositores da Feira de Economia Solidária, que hoje (4) e amanhã (5), na Cinelândia, centro do Rio. A feira faz parte do circuito Ecosol e tem o objetivo de fomentar e promover o desenvolvimento social de 200 empreendimentos de economia solidária. O evento conta também com oficinas de artes manuais, apresentações de teatro, sarau poético e um desfile de moda, no fim do dia.
Produtores independentes apresentam no evento diversos produtos como porta-moedas, bijuterias, roupas, bolsas e objetos de decoração, informou a subsecretária do Desenvolvimento Econômico Solidário da prefeitura do Rio, Katia Perobelli da Rosa. Segundo Kátia, a feira é uma forma diferente de fazer economia, pois não tem a figura do patrão e do empregado.
"Aqui são os grupos que decidem, juntos. {O artesão] tem o domínio da produção e do seu material, do início ao fim, então ele é o dono da produção, é o dono da venda. As decisões são partilhadas, eles [expositores] se reúnem em associações ou cooperativas, cada um no seu lugar, mas se reúnem para conversar, trocar idéias e vender junto. É uma forma de organização em rede, onde não se tem muito sujeito, patrão, mas tem organizações de rede dando e a esse movimento de economia solidária", explicou.
De acordo com a subsecretária, a maioria dos trabalho é feita com coisas reutilizáveis, que muitas vezes são jogadas no lixo. O conceito de moda com sustentabilidade, usando a criatividade e a inovação, está presente nos produtos dos artesãos, assim como o conceito de economia criativa. "A partir do lixo cria-se vida, gera-se renda. Tem muita coisa embutida nisso: significa reaproveitar as coisas que se joga fora, inventar, recriar", disse Kátia. Ela destacou ainda os conceitos de consumo consciente, preço justo, comércio justo. "E tem o conceito de autogestão e de autonomia, de gerar renda para se emancipar."
Cerca de 95% dos empreendimentos de economia solidária são formados por mulheres independentes, e a maioria sustenta a família. Kátia ressaltou que tais grupos são capazes de produzir sozinhos. "O que fazemos é apoiar, fomentar, criar canais de diálogo, arranjar parcerias. Queremos que elas saiam das favelas, do campo, e sejam vistas."
Por meio das peças produzidas manualmente, muitas histórias chamam a atenção, seja de trabalho familiar, seja de problemas que os artesãos enfrentaram ao longo da vida. Segundo a coordenadora da Associação de Artesãos de Queimados, na Baixada Fluminense, Neurizete da Silva, de 59 anos, a associação tem hoje 70 artesãos, mas muitos foram acolhidos, pois avam por alguns problemas e o trabalho os ajudou a superar as dificuldades.
"Acolhemos todo mundo. Eu tenho alunas de 81 anos, que estavam em depressão. E temos casos de pessoas que tentaram se matar, que foram chamadas para a associação, e hoje elas já trabalham", contou Neurizete. Ela destacou que muitas das pessoas acolhidas não tinham de onde tirar nada e estavam desgostosas com a vida. "Ajudamos essas pessoa a ter uma renda familiar. Nosso objetivo é fazer com que elas aprendam e trabalhem. No começo, tudo é difícil, mas é uma ajuda para continuar caminhando."
Fonte: Artesãos mostram seus trabalhos na Feira de Economia Solidária, no Rio

