A imagem do prédio em chamas vindo abaixo segundos antes dos bombeiros resgatarem Ricardo, o morador que ajudou a salvar várias crianças do incêndio, chocou o país.
Sete pessoas morreram. Duas seguem desaparecidas. 179 famílias que viviam na ocupação ficaram desabrigadas.
O desastre também escancarou o problema da habitação na capital paulista. Cidade onde mais de 1 milhão de famílias não têm onde morar ou moram em situação precária.
Quem sobreviveu ou a receber um auxílio-aluguel.
Com o benefício, Dona Zélia Rodrigues, de 65 anos, comprou alguns móveis e alugou um espaço de 16 metros quadrados que abriga, em um só cômodo, quarto, sala e cozinha.
No quarto, que fica no centro de São Paulo, moram ela e o irmão. Ela está desempregada e não sabe o que vai acontecer quando acabar o auxílio.
Sonora: "Com R$1.200 eu comprei uma geladeira, um fogão, aluguei um quarto e uma mesa. Agora to recebendo R$ 400 por mês. É pouco, mas já ajuda. Fazer o que?"
É por isso que Adilson Silva, de 48 anos, se recusa a deixar a barraca montada no local do desastre.
Ele lembra que embaixo dos escombros ficou uma casa e cobra uma solução definitiva para ele, a esposa, Paula, e o filho de 4 anos, Gabriel.
Sonora: "Eu dormia em uma cama com meu filho e hoje eu durmo em um colchão ali. Então, eu tenho o direito. Não é por que eu morava em uma ocupação, que por não ter condição, pagava e morava ali. Agora o governo tem por obrigação de nos colocar em lugar decente."
Nas contas de Adilson, pelo menos 15 famílias que viviam no Wilton Paes de Almeida seguem acampadas na praça.
A reportagem conseguiu localizar 5 famílias, mas essas pessoas não entram mais nas contas oficiais da prefeitura.
Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, não existe mais nenhum morador do edifício nas mais de 40 barracas montadas no Largo do Paissandu.
Todas as famílias tem até o dia 10 de agosto para deixar o local.
O prazo foi definido pela prefeitura.




